quarta-feira, 13 de setembro de 2017

CASA DOS PAPÉIS-60: O ESTUDANTE COLABORA V


UMA NOITE MAL DORMIDA

No silêncio do quarto só se ouvia o movimento compassado do relógio.
Mergulhada na solidão, a jovem procurava dormir.
Tudo inútil, nada do sono aparecer e ao menor ruído que ouvisse sentia uma pontada no coração. Era o medo que a fazia estremecer.
Lá fora ouvia-se o piado da coruja, o canto dos grilos, ao longe o rinchado de algum cavalo ou mugido de algum boi.
Era a primeira vez que passava a noite num campo, isolada completamente da vida agitada da cidade grande. Aquele silencio a deprimia, aquela escuridão fazia com que ela se sentisse como um cãozinho assustado, com medo que o canzarrão lhe batesse.
E aquele tique taque em seu ouvido.
Oh! como foi terrível. Uma angustia apoderou-se dela e parece que não tinha a menor intenção de deixa-la em paz.
Mas felizmente ao amanhecer e quando viu os primeiros raios de sol penetrarem no quarto pelas frestas da janela, deu graças aos céus; não suportaria mais aquela aflição.
E agora em casa, ouvindo as constantes buzinas dos automóveis, os apitos das fábricas à saída dos operários. Maria Clara não quer nem pensar mais naquela tão mal dormida, no campo.

ROSA LUZIA SPERANZA - 3º ANO NORMAL
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UMA NOITE MAL DORMIDA
 
Foi aquela!...
Que noite mal dormida!...
Não conseguia dormir e nem concentrar um pensamento sequer.
Era uma tamanha confusão...
Pensamento para todo o lado.
Por que teria acontecido isso?
Ouvi bater, uma, duas, três horas da madrugada, o resto não lembro mais.
Dormi...
Sonhei que estava acordada, sentada num banquinho de madeira, à sombra de uma grande árvore, lugar maravilhoso, mas sozinha. Não havia ninguém para que eu me desabafasse.
Chorei...
Chorei baixinho, mas os soluços eram tão altos que minha mãe ouviu e veio me acordar.
E sentiu pena de mim.
De manhã acordei; não enxergava quase nada, pois quando choro meus olhos incham.
Assustei-me.
Meu travesseiro estava em pingos.
Foi um sonho tão real que comecei a chorar novamente.
Queria dormir mais para continuar aquele sonho. Será que chegaria alguém? Ficaria só?
Quem sabe?
Será que sonhei mesmo?
Até hoje continuo indecisa.
Mas lembro-me perfeitamente que não foi uma noite que poderia dizer: - "Hoje dormi bem!"
 
ELIZABETH ALVES COSTA-3º ANO NORMAL

 
 
 
 JORNAL DE DOURADO-Nº271-ANO VI-DOMINGO, 21 DE ABRIL DE 1968
Coordenação da Profª. MARIA APARECIDA VALENTE, cadeira de Português da ENGED
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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